Vendo o mapa das eleições norte-americanas, percebe-se logo de cara: Kerry venceu no Nordeste e na Costa Oeste, regiões constituídas de estados mais desenvolvidos e progressistas, ao passo que Bush venceu principalmente no Meio Oeste e no Sul, formados por estados mais retrógrados e conservadores.
O mais interessante, todavia, é perceber que, salvo uma ou outra exceção (Ohio entre elas), o mapa dos estados em que Bush venceu equivale praticamente aos Estados Confederados na Guerra de Secessão, ao passo que os estados onde Kerry venceu equivalem aos Estados da União, os chamados yankees.
Do jeito que os EUA mostraram-se dividos, não deixa de ser plausível vislumbrar um novo conflito entre o norte e o sul. Não um conflito bélico, evidentemente, mas sim um conflito ideológico e moral. Conflito este que, desde a própria Guerra de Secessão, sempre existiu, mas que volta a ficar explícito.
Para o bem dos EUA, naquela época a União venceu, fazendo com que o projeto industrialista do norte suprimisse os anseios dos latifundiários escravistas do sul. Hoje, porém, quase de 150 anos depois, o sul americano, com seus WASPs, rednecks, white trash e hillbillies, dá o troco.
Como consolo, temos que o Declínio do Império Americano aproxima-se de forma cada vez mais célere. Go Bush!
"Deve-se a Karl Marx o formidável despertar dos idiotas. Descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que há 500 mil anos limitava-se a babar na própria gravata, passou a existir socialmente, economicamente, culturalmente..."
Muito legal este negócio de ser DJ. Não imaginava que fosse tanto. Especialmente porque talvez seja a única oportunidade que você tem de ir a uma festa em que o set-list é perfeito - ou quase - para o seu gosto (pudera, você mesmo quem o elaborou). Poucas vezes dancei tanto na vida, ainda que naquela pequena cabine de DJ.
Como sou inexperiente, não achava que era um trabalho tão doloroso elaborar um set-list. Ainda mais para um DJ estreante e amadoréssimo como eu. Foi meio como escrever uma auto-biografia musical. Dificílimo e personalíssimo.
Tantas músicas que você quer tocar, para tão pouco tempo de discotecagem...por ser neófito, não arrisquei levar os CDs para decidir, na hora, o que tocar. Já fui com a lista pré-elaborada. E, para fazê-la, foi literalmente um parto. Num levantamento prévio, e colocando apenas músicas que eu tinha bastante familiaridade, saíram umas 200 músicas, pelo menos, que eu gostaria muito de tocar. E aí tem que ir cortando, cortanto, cortando....
Além disso, para evitar que a pista fique às moscas e a festa flopeie, você tem que levar em conta não somente as músicas que você gosta, mas também as que você acha que as pessoas vão gostar. E, não obstante, é preciso fazer uma seqüência em que não haja pulos muito abruptos entre estilos musicais, entre uma faixa e outra. Então, depois de muito pensar, adicionar e cortar, chega-se à lista final, que você, por ser novato, não faz idéia se ficou boa ou não, pois nunca testou na pista. E sem contar que ainda incluí 2 músicas pedido do amigo French, excelentes, por sinal (ele tinha pedido 5 músicas, mas sorry, French, não deu mesmo!).
Assim, outra coisa que descobri é o quão irritante são pessoas que ficam indo na cabine pedir para o DJ músicas nada a ver, no meio do set-list elaborado com tanto trabalho e carinho (salvo quando a sugestão é muito boa). Mas enfim, como o "bom" é relativo, nunca mais farei isso com nenhum DJ.
O que responder para um cara que me perguntou se eu podia tocar alguma coisa da Whitney Houston enquanto estava tocando "Helter Skelter"????? Ou da mocinha que pediu alguma "música gay animada" enquanto eu tocava The Clash????
Espero não ter soado muito grosseiro quando respondi um sonoro "nem fodendo!" a ambos.
Como bem disse a Gabi, DJ não é Juke Box. Está mais para chapelaria, visto a quantidade de pessoas que te pedem para guardar coisas na cabine.
Mais enfim, agradeço muito ao Bah, que me ensinou o beabá do funcionamento das pick-ups, e que foi extremamente gentil a ponto de me deixar tocar boa parte da festa. E agradeço muito aos amigos que compareceram e dançaram meu set-list animadamente, gostando ou não daquilo que rolava.
Valeu muito, pessoas!
E, para terminar, segue o tal set-list que toquei:
Tema de abertura da série "Armação Ilimitada". Seven Nation Army - White Stripes Buddyholy - Weezers Feel Good Hit of the Summer - Queens of the Stone Age Common People - Pulp Gigantic - Pixies Flower - Moby Fun With Me - Portishead & Moloko The Specialist, Future Cut - DJ Marky Unbelievable - EMF Groove is in the Heart - Dee-Lite Bizarre Love Triangle - New Order Tainted Love - Soft Cell Cars - Gary Numan Charming Man - The Smiths Love Will Tear Us Apart - Joy Division I Fought the Law - The Clash Helter Skelter - Beatles Paint it Black - Rolling Stones You Really Got Me - Kinks The Man Who Sold the World - David Bowie Ticket to Ride - Beatles Let´s Get it On - Marvin Gaye We Can Work it Out - na versão do Steve Wonder Oye Como Va - Santana Deeper Shade of Soul - Urban Dance Squad Blood, Sugar, Sex, Magic - Red Hot Chili Peppers Daddy Don´t - Emir Kusturika and the Non Smoking Band Alma não tem Cor - Karnak Maracatu Atômico - Chico Science Rational Culture - Tim Maia O Telefone Tocou Novamente - Jorge Ben Zazueira - Wilson Simonal Quando - Roberto Carlos Minha Menina - Mutantes Take it Easy my Brother Charles - Jorge Ben Vai Passar - Chico Buarque O Sol Nascerá - Cartola New York, New York - Frank Sinatra Tema de abertura do Esporte Espetacular Oh, Yeah! - Yello
Há alguns anos, quando ainda era advogado, trabalhava num escritório cujo o banheiro tinha uma placa metálica, até bonita, com os dizeres, em letras garrafais: "FAVOR NÃO URINAR NO CHÃO".
Sempre que entrava e lia aquilo, pensava: "Cazzo, se um cliente entra e vê isso, que tipo de gente ele vai achar que trabalha aqui?".
A resposta me parecia óbvia. É claro que o sujeito iria pensar: "Se esses caras não são capazes nem de mijar dentro da privada, como vão conseguir fazer um trabalho decente?"
Ou seja, é evidente que uma placa como aquela, colocada no banheiro de uso comum dos funcionários (diga-se de passagem, praticamente todos com nível superior), além de humilhante, era extremamente queima-filme. E os chefões, talvez por estarem alheios, utilizando suas nobres porcelanas e toalhas asseadas, talvez por pura cretinice, nem se tocavam daquilo. E placa ficava lá, reduzindo todos a meros incontinentes sem mira.
Um dia, fiquei de saco cheio de ver aquela placa, que afrontava a minha condição de ser humano civilizado. Deste modo, imbuído de espírito revolucionário, tal qual um Zapata das latrinas, um Che Guevara do mictório, resolvi tomar uma atitude. Fui num destes lugares que confeccionam placas e pedi para fazerem uma placa metálica idêntica àquela do banheiro, com o mesmo tamanho e formatação. Entretanto, ao invés dos dizeres da outra, a placa que mandei fazer, com as mesmas letras garrafais, dizia: "FAVOR RETIRAR O PÊNIS DA CUECA ANTES DE COMEÇAR A URINAR".
O cara da loja estranhou, e custou uma certa grana, mas valeu a pena.
Neste mesmo dia, aproveitei o fato de ser o último a sair, e quando já não havia mais ninguém no escritório, troquei as placas.
Dia seguinte, para minha alegria, foi aquela confusão. Os primeiros que iam ao banheiro (tem sempre aqueles que, antes de começar o expediente, vão dar aquela aliviada), saiam gargalhando, e começaram a contar pro resto do pessoal. Em certa altura, a história correu e já estavam praticamente fazendo fila para ver a nova placa. Eis que, atento ao rebuliço, um daqueles malas da administração, que sempre aproveitam qualquer oportunidade para puxar o saco do chefe, resolveu contar a história para um dos big bosses.
Momentos de tensão. Todos voltaram às suas respectivas salas e baias, permanecendo à espreita, para ver o que aconteceria. Eis que, de repente, até mesmo o déspota todo-poderoso, dono do escritório, levantou de seu trono e foi, em pessoa, até o outro trono, bem menos nobre, conferir, com seus próprios olhos, o motivo da celeuma. Incrível como quanto menor mentalidade, maior proporções toma um problema banal.
Cerca de meia hora depois, saiu uma circular furiosa e ao mesmo tempo hilária (pena que não guardei uma cópia) dizendo, entre outras coisas, aquela lenga-lenga de que aquilo não era uma atitude digna de um profissional sério, que era um desrespeito com a empresa e os demais colegas, que seria aberta uma sindicância (!) para apurar fatos e descobrir os responsáveis, que os mesmos seriam exemplarmente punidos etc...
Como eu tinha certeza que ia dar rolo, evidentemente tomei todas as precauções, e não deixei nenhuma pista de que eu tinha sido o pai da criança. Portanto, depois de um certo tempo, não se achou um culpado, e a tal "sindicância" foi abandonada. E, até hoje, salvo por um ou outro amigo muito próximos, ninguém ficou sabendo da minha autoria.
De qualquer maneira, assim que retiraram a minha placa, não colocaram nenhuma outra no lugar. E, até onde sei, assim permanece. O que, para mim, é uma vitória.
Embora eu nem esteja mais no referido escritório, fico, ao menos, satisfeito em saber que, em algum momento, em algum lugar, contribui para que pessoas pudessem satisfazer suas necessidades fisiológicas primárias de forma mais digna.
Bebida (alcoólica, que fique claro) é parte fundamental da vida do ser humano. Mesmo na dos abstêmios. Todo mundo coleciona diversas histórias que, direta ou indiretamente, estão relacionadas à bebida, principalmente naquilo que diz respeito aos seus efeitos.
Talvez o momento que melhor marque a passagem da adolescência para maturidade seja o momento em que você passa a conhecer, pelo nome, mais barmans do que bedéis escolares.
E nada como um bom barman. Há raríssimos bons, por sinal. Dos que sabem misturar um manhattan, fatiar um limão para uma caipirinha, resfriar o copo para um dry martini. E, claro, dos que sabem tirar um bom chopp.
Tirar um chopp, por sinal, é um dom para poucos. Oito anos de curso intensivo em Harvard não fazem um bom tirador de chopp. É preciso nascer com a mão moldada para regular a pressão e controlar o fluxo de vazão da chopeira.
Tenho Joaquim, barman do Bar Léo, que tira o melhor chopp do país, como um Pelé em avental branco. Dizem que o passe dele vale mais do que o próprio Bar Léo. Não duvido.
O fato é que poucas coisas se assemelham a um bom colarinho branco, espesso e cremoso, montado sobre um líquido gélido e dourado.
E colarinho, que fique claro, é fundamental. Cerca de três dedos. Mantém a pressão e temperatura, além de consistir no mingau dos boêmios. Já vi gente ser enxotada do Léo por insistir em pedir chopp sem colarinho. Vibrei. Que mandem os hereges à fogueira.
Mesmo para a moribunda cerveja engarrafada, colarinho é essencial. Aliás, a lógica do colarinho de garrafa é deveras interessante. Não importa o tamanho, altura a espessura do copo: um bom bebedor sempre saberá como despejar a garrafa cerveja até que o colarinho suba milimetricamente à beira do copo, até o limite final, porém sem molhar a mesa.
Mas isso requer prática. Anos de bebedeira. A mão acostuma.
Os iniciantes, porém, por mais que tentem, sempre derramam cerveja no balcão. Para eles, dica de um amigo etílico: primeiro derrame a cerveja de supetão, até obter um colarinho da altura desejada. Em seguida, despeje o líquido vagarosamente, fazendo o colarinho subir até a borda do copo, ao ponto de o mesmo estar totalmente preenchido. Eis um copo no ponto certo de abate.
Parafraseando Pasteur: há mais filosofia num bom copo de chopp do que em todos os livros...
No tênis, o segredo de uma boa passada é, acima de tudo, a calma. Como o adversário está junto à rede, a bola não precisa ir muito profunda, e a força da batida deve ser o suficiente apenas para que o oponente não tenha tempo de chegar na bola. Assim, basta concentrar e executar um bom golpe, em que o bola passe com uma altura segura com relação a rede e não vá muito profunda.
Entretanto, caso o adversário esteja fechando bem a rede, não deixando ângulo suficiente para uma passada segura, a melhor opção é abaixar a bola e mandá-la no pé do oponente, junto ao seu corpo. Neste caso, o adversário será obrigado a fazer um voleio baixo ou um bate-pronto, o que geralemnte resulta numa devolução flutuante, que permite matar o ponto na jogada seguinte.
Caso, porém, o oponente esteja muito próximo à rede, fazendo com que seja difícil mandar a bola em seu pé, a melhor opção é, sem dúvida, o lobby, que deve passar alto junto à rede (para que o cara não devolva um smach) e com profundidade, para o adversário não alcançar a bola na corrida. Se possível, é desejável também colocar algum top spin, que, embora dificulte a execução do golpe, faz com que a bola corra, dificultando ainda mais que o adversário a alcance.
Uma terceira opção à passada, embora arriscada, é bater forte na bola, na direção ao corpo do oponente, mirando seu tórax. Neste caso, busca-se dificultar o voleio, fazendo com o adversário erre a devolução ou voleie de forma deficiente, permitindo assim que o ponto seja finalizado na seqüência da jogada.
Por hoje é só, pessoal. Na próxima aula, o tio Luis vai ensinar o segredo de um bom saque. Enquanto isso, aproveitem a vida, pratiquem esporte, comam seus cereais de manhã e consultem sempre um advogado.
O Nasi e o Bah fizeram uma listinha que eu achei bacana pra dedéu, então fiquei com inveja e resolvi copiar, fazendo a minha também. Eis, portanto, as minha escolhas:
Trilha sonora do fim do mundo: Qualquer disco do Guilherme Arantes
Melhor música pagã: Deus - Sugar Cubes
Coisa que gosto muito, mas me envergonho: Mamonas Assassinas
Pior música com nome de mina: Dinorah, Dinorah, do Ivan Lins
Pior versão em português: "Veste o Uniforme", versão para "Born to be Alive", do Patrick Hernandez.
O melhor "ótimo artista com banda e o pior em carreira solo": Jairzinho, após sair do Balão Mágico.
Banda mais nada a ver da história: Ronaldo e os Impedidos
Música pra mandar: Men´s World - James Brown
One hit band mais nada a Ver: Crucified - Army of Lovers
Banda que eu gostaria de ter tocado ou só ter sido roadie: Led Zeppelin
Mina do rock que eu mais queria comer há uns 10 anos: A baixista do Nashville Pussy
Mina do rock que eu queria guardar no armário e todo dia abrir e dizer "bom dia" e ela sorrir de volta pra mim: Debbie Gibbons
Cara de banda que eu gostaria de chutar e dar porrada até o bicho inchar: Rogério Flausino
Cara de banda que eu gostaria de chamar de mano e tomar uma breja: Frank Zappa
Apesar de, como bem colocou o Nishi, ninguém ler posts com letra de música (e de, com o passar do tempo, quase ninguém mais ler este blog), ainda assim vamos continuar com a série "Grandes Músicas do Cancioneiro Popular Brasileiro". Com vocês, "Coração de Luto", do Teixeirinha, um clássico que, devido à letra, ficou popularmente conhecido como "Churrasquinho de Mãe".
Coração de Luto Teixeirinha
O maior golpe do mundo Que eu tive na minha vida Foi quando com nove anos Perdi minha mãe querida Morreu queimada no fogo Morte triste e dolorida Que fez a minha mãezinha Dar o adeus da despedida
Vinha vindo da escola Quando de longe avistei O rancho que nós morava Cheio de gente encontrei Antes que alguém me dissesse Eu logo imaginei Que o caso era de morte Da mãezinha que eu amei
Segui num carro de boi Aquele preto caixão Ao lado eu ia chorando A triste separação Ao chegar no campo santo Foi maior a exclamação Taparam com terra fria Minha mãe do coração
Dali eu saí chorando Por mão de estranho levado Mas não levou nem dois meses No mundo fui atirado Com a morte da minha mãe Fiquei desorientado Com nove anos apenas Por esse mundo jogado
Passei fome, passei frio Por esse mundo perdido Quando mamãe era viva Me disse filho querido Pra não roubar, não matar Não ferir sem ser ferido Descansa em paz minha mãe Eu cumprirei seu pedido
O que me resta na mente Minha mãezinha é teu vulto Recebas uma oração Deste teu filho que é teu fruto Que dentro do peito traz O seu sentimento oculto Desde nove anos tenho O meu coração de luto.
E o amigo das antigas Marcos RS , cansado de perambular de bar em bar, sem encontrar, resolveu abrir o seu próprio estabelecimento. E, em sendo o cara um grande especialista etílico, o lugar só pode ser coisa boa. Muito em breve, estaremos lá apreciando o chopp bem tirado, os espetinhos e as cachaças mineiras!
Impressionante este lance da velocidade do mundo virtual e tal.
Ontem, em nome da tradição, fui ao Filial com o Mecão, e ele me perguntou por quê eu não me conectava à comunidade virtual Orkut. Leigo, respondi que jamais tinha ouvido falar de tal rede.
Hoje, o Américo me mandou um convite por e-mail e, como não tivesse nada melhor para fazer, resolvi me inscrever no tal site. Ao entrar lá, descobri que vários amigos e conhecidos, inclusive gente que não via há anos, já estavam inscritos na bagaça. Até o mesmo Paulo Talarico!
Este post é em solidariedade a algumas pessoas que conheço que, ao acharem que os ingressos para o show dos Pixies estavam esgotados, chegaram a desembolsar até R$ 600 (acreditem ou não) num único ingresso com cambistas, sem jamais imaginar que, dias depois, a organização do evento trocaria o local do show e voltaria a colocar os mesmos ingressos a venda por "meros" R$ 100.
E este blog sai do limbo para parabenizar os Veríssimos pela excelente festa ocorrida ontem, domingão, num simpático lava-rápido nos confins de São Bernardo do Campo.
Foi dos mais bizarros - e, portanto, melhores - eventos do ano, sendo inclusive coroado com a eliminação do verdinho da campeonato paulista, com direito a corrente pra frente e tudo mais. Memorável.
Carne, truco, cigarro de palha e bebedeira. Nada como começar a semana com chave de ouro. Mesmo o fato de ter que trocar pneu as 21h na Anchieta, debaixo de chuva, não comprometeu o dia.
Embora este blog esteja morto, ainda há leitores fiéis que insistem em velar seu cadáver. Assim sendo, e atendo aos pedidos da jovem leitora Marta, republicaremos um dos hits deste blog, qual seja, o relato de uma das melhores noites de todos os tempos, que eu e o intrépido Nishizaki tivemos o prazer de vivenciar - o show da Rosana no Café Teatro Uranus, no ano retrasado!!! Invejem.
A DEUSA DA NOITE
Há noites que não podem passar batidas. Semana passada, vivi uma delas, traduzida num turbilhão trash-cult insuperável. Mesmo com anos de experiência nas costas, poucas vezes me senti tão trasher, poucas vezes me senti tão hype.
Explico. Quinta-feira, o dia estava morno, e a noite chegava plácida, quase tediosa. Eis que recebo uma ligação da cara amiga Marina Caruso, sempre antenada, com uma notícia bombástica:
“Luís, lembra da Rosana, aquela do “Como uma Deusa?”
“Sim, sou um trasher, claro que lembro!”
“Pois então, hoje haverá um show dela no Café Teatro Uranus!”
Longa pausa silenciosa para assimilar a notícia .....
“Uau!”
Sim, ela mesma, Rosana, dona daquele cabelão com franjinha, daquela voz metálico-anasalada e daquele repertório romântico-brega. Ela, em pessoa, desaparecida desde a época em que brilhava nas trilhas sonoras das novelas das oito, no Cassino do Chacrinha, no Globo de Ouro. Rosana, ressurgida das cinzas, tal qual uma Fênix canora, daria o ar de sua graça em pleno Café Teatro Uranus, sob o nosso testemunho.
E lá fomos nós - Eu, meu fiel escudeiro trasher Nishi, minha amiga e cantora de escada predileta Bel, a onipresente Marina Caruso, a até então desconhecida Lelê, entre outros agraciados pela sorte.
Chegando ao Café Teatro Uranus (para quem não conhece, trata-se de um inusitado cabaré cult perto do Minhocão, ou seja, um lugar intrinsecamente apropriado para eventos bizarros), não tivemos dificuldades em estacionar o carro. O local estava deserto. Estranho. Seria verdadeiro o tal acontecimento? Haveria mesmo um show de Rosana naquele local ermo e longínquo?
Na recepção do lugar, entretanto, a dúvida se desfez: um grande cartaz, com a foto da diva em pose sexy, anunciava o espetáculo que estava por vir: “Rosana: Intimidade”. Sim, era verdade, era ela mesma, Rosana, quem esperava por nós. A imagem do cartaz, por sinal, provocou súbitos frêmitos neste que vos escreve:
“Nossa, olha só essa foto da Rosana! Que demais! Como será que ela continua tão gostosa depois de tanto tempo???”
“Photoshop, Luis, photoshop.......” – respondeu a cética e futura designer Bel, jogando um balde de água gelada na minha libido.
Entramos rápido, afoitos para pegar um bom lugar para assistir ao espetáculo. Ao entrarmos, surpresa. Não era necessário correr, nem sequer apertar o passo. Havia no recinto, no máximo, umas 20 pessoas, das quais, posteriormente, viemos a descobrir que mais da metade era formada de parentes e amigos pessoais da Rosana....Bem, ok. Aliás, melhor. Show da Rosana particular, só para nós. O que mais poderíamos querer?
Demora, mistério, apreensão. O tempo passava e nada do show começar. E também nada de novas pessoas chegarem . Permanecíamos nós, 20 espectadores, neste momento já promovidos a 20 testemunhas, esperando o desenrolar da noite. Será que ela não vem? Seria um trote? Seria tudo ilusão? Um sonho? Oh, e agora?
Mas, antes que o desespero baixasse completamente, eis que a música ambiente pára, as luzem se apagam, as atenções se voltam ao palco. Um locutor anuncia sua presença, começa-se a ouvir sons de instrumentos musicais....Êxtase! Sim, lá vinha ela, Rosana, depois de tanto tempo, com sua banda de apoio, para arrebatar a noite!
Banda de apoio? Ué, o som já estava rolando e o palco permanecia vazio? Hum......cheiro de playback no ar. Antes que pudéssemos entender o que acontecia, ela, Rosana, em carne e osso (mais carne do que osso, por sinal), adentra o palco, cantando uma música péssima, que eu nunca ouvira antes. Vestido preto curto, que deixava ver sua calcinha em momentos mais extremos, cara esticada e siliconada, o mesmo cabelão, silhueta avantajada, pernas roliças e um traseiro do tamanho de um bonde (sim, photoshop).
E então, se fez o retrato da noite: cantora decadente, playback mal feito, música ruim, casa vazia, lugar bizarro......enfim: Genial!!!!!
Foi emocionante! Na verdade, ela não estava decadente. Ela era a própria decadência! Plena, absoluta, a decadência em pessoa, roliça e flácida, saltitando, ao som de um playback ruidoso, nossa frente! Foi um momento inesquecível. Urramos todos. Quem viveu, viu e ouviu. Jamais haverá momento igual.
Duas péssimas músicas playbackadas, ela pára e se dirige ao público. Começava o ritual de conquista. Ligeiramente constrangida, porém sempre carismática, disse que estava muito feliz de estar lá, com os (literalmente) amigos presentes. Disse que o show tinha sido planejado para momentos íntimos (por isso chamava-se “Intimidade”), e que era um show que ela tinha feito para cantar na sala de estar de sua casa. Por isso, declarou estar feliz de ter tão pouco gente presente (a-hã...).
Nisso, chamou Willian, seu assistente de palco chaveirinho, membro órfão de seu crew, o qual lhe trouxe um violão de 12 cordas. Pegou a viola, sentou num banquinho e seguiram-se músicas após músicas, umas conhecidas, outras nem tanto, umas próprias (como “Johnny Kid”, uma canção, segundo ela, em homenagem a um menininho - uau), outras de terceiros (Djavan, Vinícius, Sullivan & Massadas etc). Todas, porém, muito legais. Sério mesmo. A mulher estava mandando bem. Foi ao piano, e continuou mandando muito bem.
Nós, testemunhas, já arrebatados pela diva, vibrávamos e cantávamos, ajudados pelos garçons e barmen, que gritavam conosco, sabe-se lá se empolgados, sabe-se lá se para disfarçar o vazio da casa.
Pausa no momento acústico, volta o playbackão. E ela mandando um repertório bem variado. De “Got to be Real” a “What’s Going On”, de “Voulez Vous Couchez Avec Moi” a “À Francesa”.
Tudo ia bem, tudo parecia, na medida do possível, normal, quando veio, então, o ápice da noite. Estávamos entretidos, aguardando o que deveria ser apenas mais uma música, quando o inconfundível e nostálgico som de bongozinhos começou. Não havias dúvidas: como um furacão que nasce de uma brisa, o hit dos hits estava chegando.
Ocupamos, como pudemos, a extensa frente do palco, e embriagados de cerveja, vodka, música e trashice, entramos em transe, cantando em uníssono: “Como uma Deusa, você me mantém......”. E a Rosana, agora de fato transformada em deusa, pairava sobre palco, regendo a todos, e fazendo aquela célebre coreografia de mãos que há muito havíamos assistido no clipe do Fantástico. Genial, genial, genial!!!
A música acabou, Rosana saiu ovacionada do palco, mas nós, claro, não estávamos satisfeitos. Continuamos a entoar a música tema de Édipo e Jocasta, em capela. Nisso, ela volta ao palco e, também em capela, nos acompanha na cantoria. Que momento!
Findo o show e, pedimos, claro, bis. O que não foi lá muito fácil, posto que éramos cerca de 8 pessoas gritando num lugar relativamente grande. Entretanto, nosso esforço valeu, e conseguimos trazer a diva de volta.
Sentou ao piano, cantou um Belchior (“Como Nossos Pais”), mais algumas músicas e sumiu novamente, absoluta.
Mais tarde, reapareceu, já entre as mesas. Fomos lá, em fila, numa verdadeira peregrinação, abraçá-la. E fomos recebidos de braços abertos, com uma simpatia ímpar. Nishi, inclusive, teve a honra de ser reconhecido pela deusa, que disse, feliz, ao vê-lo: “Ah, estou te reconhecendo, você vem sempre nos meus shows, não?”. A-há, Nishão, escondendo o jogo!
E quanto tudo parecia perfeito, já sem mais nada a acrescentar, outro fato genial ocorre. Recuperávamo-nos, num sofazão, do impacto da noite, quando um sujeito bizarro, sósia do Raul Seixas, vestido de moletom vermelho da Universidade de Michigan, começou, num mezanino próximo, a fazer uma performance no estilo go-go girl absolutamente hilária, das coisas mais engraçadas que já vi na vida.
E Nishão, velho de guerra, senhor de todos os segredos, príncipe nipônico das academias da Saúde, aproveitou a ocasião de deleite coletivo e não deixou por menos, atracando-se calorosamente com a jornalista hype mais próxima, numa performance de deixar Don Juan no chinelo, Casanova com cara de mico de circo. Nishão, para variar, mandando muito bem. Sobraram inclusive mordidas e dentadas para os incautos que ousassem passar por perto.
Bem, em suma, foi uma noite esplendorosa, dessas que ficarão incrustadas em nossa memória para todo o sempre. Mais uma noite antológica deste ano que, surpreendente e felizmente, está sendo repleto de noites fantásticas. Saravá!
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente.
Sai o cabeção do topo do blog, e o blog entra em férias. Pelo menos até a segunda quinzena de Janeiro, Sr. Lauis e Sr. Voltz estarão praiando. Quiçá teremos mais futuras contribuições de Sr. Nishi. Sr. Frodo está também de férias e deprimido com o casamento de Sr. Sam. Sr. Anderson (aka Neo) acha que Agent Smith morreu. Mr. Cab driver won't stop to pick me up. Mr. Loverman, Shabba. Wait a minute Mr. Postman. Ei ei ei ei, Mr. Postman. Sr. Juiz... pare... agóóra!
A iniciação às drogas de todo ser-humano começa bem cedo, logo na mais tenra infâcia. Mais especificamente, no play-ground, a bordo de um brinquedo chamado "gira-gira".
Afinal de contas, qual o outro propósito daquela geringonça senão fazer a pessoa rodar, ficar tonta, ter barato, sentir ânsia de vômito, cair do chão e, ainda por cima, achar tudo isso divertidíssimo?
"Esta é a historia de Johnny Furacão Um cara que bem cedo desejou ser campeão Vivia alimentando esse desejo profundo Pois Johnny sempre quis ser o maior do mundo Juntou dinheiro O ano inteiro Johnny resolveu então comprar um carro E se inscrever numa prova gigante Essa é sua chance de se tornar importante Então começa a treinar E a se destacar Afinal chegou o grande dia Johnny nem cabia de tanta alegria Está tudo pronto, não falta nada Só a vitória e o beijo da namorada A corrida acabou de começar Johnny dispara em primeiro lugar Johnny está na frente Seu carro é diferente Johnny vai ganhar Pois não há como parar Johnny está pensando no que vai dizer Não pode aparecer chorando na TV A corrida já está pra terminar mas quando o carro quebra na curva principal Johnny vai ao muro, o mundo viu o seu final Johnny morreu... Antes ele do que eu !!!"
A Letu está internada e precisa de doadores de plaquetas e sangue. Alguns de vocês não conhecem a Letu, mas saibam que ela é uma pessoa muito bacana, e é bastante amiga minha, da Ana T, Américo e do Luis. Quem tiver em São Paulo querendo fazer uma boa ação, eis uma que vale a pena. O Banco de Sangue do Hospital 9 de Julho fica na r. Peixoto Gomide, 613 - subsolo. A doação é para LETÍCIA ZAVITOSKI MALAVOLTA. Quem for de carro pode estacionar grátis no flat Blue Tree, na r. Peixoto Gomide, 707. Peçam para carimbar o tíquete ao saírem da doação. Fiquei sabendo disso por um e-mail da Maroca, que foi visitar a Letu no Hospital ontem.
"Hoje, 28 de outubro, é dia do Funcionario Público. Parabéns a todos aqueles que tanto fazem para que o serviço público brasileiro seja um exemplo de eficiência."
O French levantou a bola, e a questão é boa: quais os bares/boates que você mais freqüentou ao logo da sua vida?
Certamente, bares, assim como discos, livros, filmes, viagens, roupas, namoradas, amigos, etc, são grandes documentos da história de uma pessoa, e a verificação da mudança de cada um deles na sua vida, ao longo do tempo, resume a sua existência.
Pessoalmente, acho que os bares/boates que mais freqüentei na vida foram:
1 - Filial 2 - Hakadaback 3 - Piratininga 4 - Loucos 6 - Nïas 7 - Lov.e 8 - Barbahala 9 - Jive 10 - Cachaçaria Paulista 11 - DJ´s Club 12 - Empanadas 13 - Pirajá 14 - Luar da Vila 15 - Hell´s Club